A cafeicultura tem sido um dos pilares fundamentais para o notável crescimento econômico do Brasil. Sendo uma das primeiras atividades comerciais desenvolvidas no país, o seu cultivo desempenhou um papel central na transformação social e no surgimento das grandes áreas urbanas.
Nesse cenário, torna-se imprescindível ficar atento aos principais pontos sobre as variedades, como atuar no setor e as principais inovações.
Se deseja explorar mais sobre a cafeicultura e dar os primeiros passos nesse setor, não deixe de conferir as informações detalhadas que apresentamos a seguir.
O que é cafeicultura?
A cafeicultura envolve as fases que compreendem o cultivo, produção, armazenamento, beneficiamento e comercialização do café.
A expertise necessária para profissionais que integram essa cadeia inclui o conhecimento das condições climáticas ideais para o plantio, a habilidade no manejo de mudas, a gestão da lavoura e a realização da colheita, entre outros aspectos pertinentes à cultura do café.
Quais são as principais variedades de café?
O café faz parte da família Rubiaceae e do gênero Coffea, que conta com mais de 90 espécies catalogadas.
Dessas, aproximadamente 25 são utilizadas para fins comerciais, mas apenas quatro têm relevância considerável no mercado global: o Coffea arabica, conhecido como café arábica; o Coffea canephora, chamado de café robusta; além do Coffea liberica e do Coffea dewevrei, responsáveis pela produção do café libérica e do café excelsa, respectivamente.
No nosso país, são cultivadas duas variedades de café: a arábica e a conilon. A espécie arábica predomina, contribuindo com 76% da produção nacional, e suas plantações perenes encontram-se principalmente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Já a variedade conilon, também de cultivo perene, representa 24% da produção e é cultivada principalmente nos estados do Espírito Santo, Rondônia e Bahia.
Dada a crescente competitividade do mercado, torna-se crucial que os produtores compreendam profundamente o negócio para assegurar a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Ou seja, antes de decidir entrar na cafeicultura, é essencial realizar uma análise de mercado, avaliar a viabilidade financeira da atividade e verificar se a região apresenta condições de solo, clima e logística compatíveis com o empreendimento.
Além disso, é recomendável explorar a possibilidade de associação a grupos de produtores locais, visando a redução de custos, a facilitação da comercialização e, consequentemente, o aumento da rentabilidade.
Como atuar na cafeicultura?
O profissional Tecnólogo em Cafeicultura, graduado em curso superior específico, desempenha um papel essencial na cadeia do agronegócio cafeeiro e atua em diversas atividades, tais como:
- Planejar, executar, monitorar e gerenciar o processo produtivo do café
- Supervisionar as condições naturais para o plantio de café, incluindo aspectos climáticos e de umidade para garantir a qualidade dos grãos
- Realizar o controle de qualidade da produção e conduzir análises laboratoriais
- Gerenciar as etapas de estocagem, embalagem, agregação de valor e outros processos logísticos
- Gerenciar o uso de equipamentos, técnicas e maquinário de produção
- Planejar o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à cafeicultura
- Estudar técnicas inovadoras de conservação e embalagem
- Acompanhar a comercialização do café
- Elaborar projetos voltados para a redução de custos na empresa produtora
- Produzir relatórios visando o desenvolvimento sustentável da cultura cafeeira
Quais as principais inovações para esse setor?
O fato é que o Brasil detém a posição líder no cenário global de produção e exportação de café, além de ocupar a segunda colocação como maior consumidor da bebida.
Inclusive, de acordo com o portal do Conab, a produção brasileira de café em 2023 atingiu 55,1 milhões de sacas beneficiadas, representando um aumento de 8,2% em comparação com o ciclo de 2022.
Esse crescimento é atribuído principalmente à melhoria da produtividade, que aumentou cerca de 6,3%, alcançando uma média de 29,4 sacas colhidas por hectare. Além disso, houve um aumento de 1,8% na área em produção, totalizando 1,87 milhão de hectares. Por outro lado, a área em formação registrou uma redução de 9,5%, estimada em 361,6 mil hectares.
Sensoriamento remoto
A tecnologia de sensoriamento remoto está cada vez mais ao alcance dos agricultores brasileiros. Utilizando imagens capturadas por sensores, como satélites e drones, é possível acessar o Normalized Difference Vegetation Index (NDVI), traduzido como Índice de Vegetação de Diferença Normalizada.
Esse parâmetro analítico é amplamente empregado na agricultura para avaliar as condições das plantações, sendo frequentemente utilizado para mensurar a atividade clorofiliana nas plantas, proporcionando análises inteligentes.
Os cálculos derivados desse índice são aplicados em diversas áreas, incluindo monitoramento, detecção de impactos de secas, identificação de infestações de pragas, estimativas de produtividade, modelagem hidrológica e mapeamento de culturas.
Softwares do monitoramento
Os sistemas e softwares de gestão têm transformado significativamente as operações no setor agrícola.
No que diz respeito ao monitoramento de pragas, por exemplo, uma ferramenta inovadora surge como um aliado poderoso, gerando relatórios georreferenciados que apresentam médias de pragas por área e mapas de calor indicando os níveis e localizações exatas das infestações.
Esse software possibilita ao produtor, técnico ou agrônomo enviar informações, dados e até mesmo fotos diretamente do campo para o escritório da fazenda, com apenas um toque na tela do tablet ou celular.
Além disso, o sistema fornece ao produtor dados confiáveis para embasar decisões precisas no gerenciamento de aplicações, permitindo também o direcionamento da aplicação em taxas variáveis de defensivos.
Gestão de frota
Cerca de 60% dos contratempos menores que impactam as atividades diárias nas fazendas têm relação com o desempenho das máquinas.
Por essa razão, contar com uma frota alinhada e eficiente possibilita ao produtor não apenas a redução dos custos operacionais da fazenda, mas também o aumento da vida útil de suas máquinas e implementos. Essa otimização resulta em economia de combustível, tempo e recursos financeiros.
Máquinas agrícolas autônomas
Considere a incorporação de máquinas agrícolas autônomas na plantação de café, como colheitadeiras e tratores.
Equipadas com sensores e sistemas de navegação avançados, essas máquinas têm a capacidade de operar de maneira autônoma, elas desempenham tarefas como colheita, pulverização e preparo do solo de maneira mais eficaz e precisa. Essa abordagem não apenas resulta em uma redução de custos, mas também em um aumento da produtividade.
Quais os desafios da produção do café?
A seguir, apresentaremos os principais gargalos que a produção do café brasileira vem enfrentando. Acompanhe.
Mudanças climáticas
Os produtores não possuem controle sobre as alterações no ambiente, mas quando suas colheitas são afetadas por tais mudanças, eles enfrentam consequências diretas. A colheita é essencial para cobrir os custos fixos acumulados ao longo do ano.
Atualmente, as transformações climáticas estão resultando no aumento das temperaturas e em novos padrões de precipitação, o que representa uma ameaça para as espécies de café arábica. Das quatro principais espécies – Arábica, Robusta, Excelsa e Liberica – o arábica é amplamente reconhecido como o de melhor qualidade devido às suas características aromáticas, o que o torna mais valorizado no mercado. Além disso, o arábica é responsável por cerca do dobro do mercado internacional de café, conforme indicado pela ICO.
Nesse contexto, o café arábica demonstra maior sensibilidade aos aumentos de temperatura, impactando negativamente seu crescimento, capacidade de florescimento e, consequentemente, a produção de frutos. Afinal, este tipo de café necessita de temperaturas mais baixas em comparação com outras espécies, resultando, frequentemente, em seu cultivo em altas altitudes.
À medida que as condições climáticas se transformam, a disponibilidade de terras férteis para o arábica diminui. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) previu uma redução estimada de 10-20% na produtividade total das colheitas até o ano de 2050.
Além disso, pragas que anteriormente não sobreviviam às baixas temperaturas nas elevadas altitudes onde o arábica é cultivado, agora encontram condições propícias para prosperar. Este café é mais suscetível a tais pragas do que o robusta.
Redução de mão de obra
A média de idade dos produtores de café está em ascensão, enquanto o número deles está em declínio. Diante das adversidades enfrentadas por suas famílias, muitos jovens oriundos de famílias produtoras de café optam por migrar para áreas urbanas em busca de oportunidades mais promissoras.
Adicionalmente, os agricultores frequentemente destacam as dificuldades em encontrar mão de obra para a colheita das cerejas de café. Embora tenhamos discutido a importância da colheita no momento certo, isso só é viável quando há pessoal em quantidade suficiente.
Em muitas regiões, a colheita de café é sazonal e, por vezes, caracterizada por um trabalho nômade. Os trabalhadores temporários são remunerados com base no peso das cerejas coletadas e devem enfrentar jornadas de trabalho de 8 horas diárias em terrenos inclinados para receber seus salários. Ao final da colheita, muitos deles precisam procurar outros empregos ou mudar para diferentes regiões. Torna-se compreensível por que algumas pessoas optam por outras formas de emprego.
Pragas e doenças
As pragas e doenças representam um desafio significativo para diversos agricultores. A ferrugem do cafeeiro, conhecida como “la roya” em espanhol, é uma das patologias mais notórias que impacta as plantações de café há mais de um século.
Uma preocupação adicional surge com o besouro da broca do café, conhecido como “la broca” em espanhol, responsável por perfurar as cerejas do café e depositar ovos na endosperma da semente.
Contudo, os agricultores devem estar vigilantes não apenas em relação à broca, pois outras pragas frequentes, como a cochonilha verde, cupins, bicho-mineiro, entre outras, também exercem impacto negativo na qualidade e no rendimento das plantações de café.
Esse foi o nosso artigo detalhado sobre a cafeicultura brasileira e seus desafios. A sua expansão desempenhou um papel crucial no progresso do Brasil e na sua participação no comércio global. No entanto, é imprescindível alinhamentos com as novas tecnologias e a variedade certa.
Gostou do post? Quais são os principais desafios que vem enfrentando na produção do café no Brasil? Compartilhe aqui nos comentários!